O homem pode não ser rico, mas se ele tiver na bagagem a leitura será mais que isso: será sábio. A sabedoria, sem dúvida, é grandiosa, é tudo na vida, não na morte. Na morte, todos os homens são igualmente leigos.

Margarete Solange. Contos Reunidos, p. 98

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Sombras

                        poesia de Margarete Solange

Quando a lua está cheia, 
Lembra-me você
E isso me faz muito triste.
Não sei explicar por que está nos meus sonhos,
Nem por que entrou em minha vida.
Às vezes tento odiá-lo, porém não consigo.
Você é como um fantasma,
Tento matá-lo e penso que está morto,
Mas um fantasma não morre
Nem se torna real...
Fantasma mau!...
Assusta-me e foge tão depressa
Que quando abro os olhos
Já não está junto a mim.
Minha sombra, meu lamento...
Lado ruim de mim mesma
Que não se encaixa em lugar nenhum.
Não entre mais nos meus sonhos,
Não invada os meus pensamentos.
Não há lugar para você em minha vida,
Sua presença escurece os meus dias.
Você é a noite sem luar,
Mas a lua cheia me faz lembrar de você...
E não posso explicar por quê.
Um dia vou despertar e perceber
Que o pesadelo acabou
E quando eu o encontrar casualmente pelas ruas,
As sombras não me importunarão mais,
Não mais...
Você será apenas um homem como qualquer outro
E eu estarei livre de seu fantasma
Para sempre.


Fotografia de Felipe Galdino


.
Fonte 1: Margarete Solange. 
Um Chão Maior, p. 26
Santos, 2001
Fonte 2: Margarete Solange. 
Inventor de Poesia,  
Queima-Bucha, 2010, p 18.