Nada vai fazê-lo
voltar!
E essa saudade vai
ficar
Aqui dentro me
esmagando
Num aperto indizível.
E eu nem sei se quero
Que ela se vá,
Porque me sinto tão
só.
Não quero esquecê-lo
E a lembrança dele me
segue
E persegue por toda
parte.
Em cada canto da casa
No silêncio, no
soprar do vento,
Em cada recanto de
meus quintais e jardim.
Em nosso banquinho no
meio do nada
Sentávamos todas as
noites...
Amávamos estar lá
Em companhia um do
outro
Debaixo do céu.
De repente, a velhice
o abraçou...
Prematuramente.
Ele não queria ir
Porque me amava
intensamente.
Eu lia isso nos seus
olhos
Redondos, contentes.
Olhinhos que eu tanto
amei.
Ele não queria partir
E a lembrança disso
me dilacera o peito.
Quem dera ele
estivesse aqui
Nesse momento e pra
sempre...
Me olhando sem nada
dizer.
Assim ficou por dias
e noites
Escondendo de mim que
sofria.
Lentamente partia,
sem querer,
Sem me deixar
perceber.
Não foram suficientes
todas as vezes
Que disse “Te amo”
Deveria tê-lo dito
mais
Tê-lo apertado mais
em meus braços
E não tê-lo deixado
partir.
Se ele pudesse
voltar,
Sei que voltaria
Porque com bravura canina
Lutou até o fim
Para ficar ao meu
lado.
Meu amor era intenso
como o seu,
Ele me ensinou a amar
assim.
Não dependeu de nós.
Me sinto tão só...
Ele agora não sofre
mais,
E minhas lágrimas
viraram chuva,
Águas de uma poesia
longa e triste...
Talvez no meu ingênuo
bem querer,
Acreditei que ele
fosse imortal.
Inventor de Poesia,
Oito Editora,
2ª edição,
2014, p. 46