O homem pode não ser rico, mas se ele tiver na bagagem a leitura será mais que isso: será sábio. A sabedoria, sem dúvida, é grandiosa, é tudo na vida, não na morte. Na morte, todos os homens são igualmente leigos.

Margarete Solange. Contos Reunidos, p. 98

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Metade de mim

poesia de Margarete Solange
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Quem me dera eu pudesse trocar,
Reformar ou abandonar
Essa metade de mim
Que se enfada, reclama,
Não resiste, dá lugar à ira...
E diz coisas sinceras
Que ferem e magoam...
Essa metade que não consegue ser boa,
Lado ruim que, ao perceber nas pessoas,
Com veemência, critico
E recuso-me a tolerar.
Ah, eu queria ser somente
Esse meu lado solícito,
Que ri da adversidade,
Persevera sem se queixar,
Comemora vitórias,
E não fere ninguém...
Se pudesse prometer e cumprir
Seria justa e boa,
Para ser por todos aceita e amada.
Ah, como lamento que
Esse meu lado moderado...
Embora, por vezes, pareça inteiro,
É simplesmente uma outra 
Metade de mim.


Fonte:
Margarete Solange.
Inventor de Poesia: 
Queima-bucha,
2010, p.15
Fotografia de
 Claudio Roberto