O homem pode não ser rico, mas se ele tiver na bagagem a leitura será mais que isso: será sábio. A sabedoria, sem dúvida, é grandiosa, é tudo na vida, não na morte. Na morte, todos os homens são igualmente leigos.

Margarete Solange. Contos Reunidos, p. 98

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Horas Perdidas

 poesia de Margarete Solange

Quarenta anos...
Dias e horas vividas sem realizar grandes feitos.
Ocupando-me com serviços banais
Que não prometem frutos no amanhã.
Fazendo e desfazendo todos os dias as mesmas coisas.

Quarenta anos,
Sem ter conhecido o mundo em derredor de mim,
Sem ter conhecido a mim mesma profundamente.
Quantas horas perdidas em lamentos e lágrimas,
Bebendo e comendo
Apenas para cumprir a sequência dos dias.

Quarenta anos,
Dia após dia querendo crescer em palavras,
Buscando o sentido da verdade e da beleza.
Tentando entender o comportamento das pessoas
E sentindo-me tão incompreendida.

Vão-se os dias,
Aprendo palavras, acumulo experiências,
Nem sempre me convence a explicação das coisas.
Desejo ver o mundo com meus próprios olhos.
Desejo aproveitar melhor os anos que passam por mim. 


Fonte:
Margarete Solange.
Inventor de Poesia 
Queima-bucha,
2010, p 36