poesia
de Margarete Solange
Quarenta anos...
Dias e horas vividas sem realizar grandes feitos.
Ocupando-me com serviços banais
Que não prometem frutos no amanhã.
Fazendo e desfazendo todos os dias as mesmas coisas.
Quarenta
anos,
Sem ter conhecido o mundo em derredor de mim,
Sem ter conhecido a mim mesma profundamente.
Quantas horas perdidas em lamentos e lágrimas,
Bebendo e comendo
Apenas para cumprir a sequência dos dias.
Quarenta anos,
Dia após dia querendo crescer em palavras,
Buscando o sentido da verdade e da beleza.
Tentando entender o comportamento das pessoas
E sentindo-me tão incompreendida.
Vão-se os dias,
Aprendo palavras, acumulo experiências,
Nem sempre me convence a explicação das coisas.
Desejo ver o mundo com meus próprios olhos.
Desejo aproveitar melhor os anos que passam por mim.
Inventor de Poesia
Queima-bucha,
2010, p 36
2010, p 36