O homem pode não ser rico, mas se ele tiver na bagagem a leitura será mais que isso: será sábio. A sabedoria, sem dúvida, é grandiosa, é tudo na vida, não na morte. Na morte, todos os homens são igualmente leigos.

Margarete Solange. Contos Reunidos, p. 98

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Gigantes do Saber


                       poesia de Margarete Solange

Ao mestre sábio dedico minha gratidão.
Jamais esqueci os mais exigentes e dedicados:
Para eles ofertava singelos presentes
E desejava beijá-los com inocente paixão.
Não havia para mim profissão mais bela,
Mais digna de ser louvada.
Em memória eterna guardarei aqueles
Que me ensinaram o segredo dos livros.
Foi mágico descobrir que os livros falavam.
Com reverência tamanha eu sentava na primeira fila
Para ouvi-los empostando a voz com entusiasmo,
Indo e vindo pela sala no momento da explicação.
Somente meus olhinhos piscavam.
Com eles estava o conhecimento, a fonte do saber.
– Os mestres sabem tudo, eu meditava extasiada.
Nada havia que eu lhes perguntasse
E eles não soubessem me responder.
Eu tinha sede de saber tanto quanto eles sabiam.
Ainda hoje com grande zelo sento-me quieta
Para ouvir um sábio professor falar.
Sinto que meus olhos ainda denunciam
Grande contentamento.
Nem sempre digo abertamente o quanto são admiráveis,
Mas beijo-os em pensamento,
Porque ainda inunda o meu peito carinho tal
Que me faz sentir que sou pequeno
Diante dos gigantes do saber.
Hoje sei que um professor não sabe tudo,
Mas sabe muito 
E dia-a-dia busca enriquecer-se mais.


Fonte: Margarete Solange.
Inventor de Poesia: 
Queima-bucha,
2010,  p 16